A Fermentação Malolática na Transformação do Vinho

15 de março - 2016

A Fermentação Malolática na Transformação do Vinho

O nascimento dos sabores e aromas do vinho é o resultado de um duelo entre dezenas de substâncias químicas. E boa parte dos segredos aromáticos que gostamos tanto, se formam durante a fermentação malolática.

A descoberta e o domínio da Oenococcus oeni

Uma breve história para que você entenda que estamos numa época privilegiada. Enólogos antigos já conheciam a ação dos ácidos das uvas durante a fermentação do vinho. Sabiam que um desses ácidos, o chamado ácido málico, perdia sua força com o tempo deixando o vinho mais macio. Mas ninguém sabia qual era a causa. Foi somente em 1891 que um enólogo suíço, Hermann Müller, propôs a teoria de que a transformação de um ácido forte, como o málico, em ácido lático ocorria devido a ação de bactérias presentes na fermentação do mosto da uva.

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O enólogo suíço Hermann-Müller foi o primeiro a suspeitar das bactérias láticas.

Em 1930 o conhecimento sobre essas bactérias ainda era especulativo, mas o enólogo francês Jean Ribéreau-Gayon já defendia seus benefícios. Os avanços científicos sobre a química da fermentação malolática ocorreu mesmo a partir de 1950. E somente na década de 1980 começa a comercialização e o uso das bactérias láticas em diversos alimentos e bebidas com o intuito de adicionar mais aromas e sabores. No caso do vinho, existe um tipo de bactéria lática em especial que se adapta muito bem: a Oenococcus oeni. Ela é a mais usada, porque além de transformar o ácido málico em lático, atua nos açúcares liberando aromas. Com isso, o principal objetivo dos enólogos em compreender e dominar essa técnica é a possibilidade de desconstruir e reconstruir aromas do vinho.

Definição da fermentação malolática

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A reação durante a transformação do ácido málico em lático libera aromas complexos.

Basicamente a fermentação malolática é a transformação do ácido málico presente nas uvas em ácido lático. Ela é muito usada na vinificação moderna e significa a adição das bactérias láticas sob um rigoroso controle e gerenciamento. É chamada de segunda fermentação pois a primeira é a fermentação alcoólica, onde os açúcares das frutas são transformados em álcool pela levedura Saccharomyces cerevisiae. Além de transformar o ácido málico, a fermentação malolática libera gás carbônico, ácido acético, diacetil e vários ésteres. Essas substâncias todas darão maciez, novos aromas e complexidade ao produto, portanto para alcançar um bom resultado é necessário muito cuidado, já que o processo interfere na composição do vinho. Ácido Málico – está presente em intensidades diferentes nas frutas, inclusive na uva. A maçã verde é o melhor exemplo da força desse ácido. Ácido Lático (ou Láctico) – presente principalmente nos laticínios, mas também no suco da carne, músculos de animais e algumas plantas. É considerado um ácido suave e ajuda a dar a sensação de “corpo no vinho”. Diacetil - é o principal composto orgânico liberado durante o processo da fermentação malolática. Ele é responsável pelo gosto amanteigado não só no vinho mais em diversos alimentos industrializados que apresentam aromas de manteiga.

Das fermentações às taças

Nada é fácil na concepção e produção de bons vinhos. As variáveis são tantas que o mais experiente enólogo concordaria: o que funciona aqui e agora, pode não funcionar amanhã e noutro lugar. Essa dificuldade se traduz em um trabalho quase artesanal por parte da vinícola, com muitas análises envolvidas. A experiência e o conhecimento tácito (aquele que não está nos livros) em saber lidar com as variáveis presentes - durante as fermentações alcoólicas e maloláticas - terão como consequência a exuberância que tanto esperamos dentro de nossas taças. Equipe VinumDay • um vinho para cada dia

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Vitivinicultura x Mudanças Climáticas

Vitivinicultura x Mudanças Climáticas

Você já pensou nas consequências que as mudanças climáticas estão trazendo para a vitivinicultura ao redor do mundo?Se você é um amante do vinho, prepare-se para um panorama que vai te surpreender!Até pouco tempo atrás, ninguém imaginava que estudar mudanças climáticas seria essencial para o universo do vinho. Mas, cá estamos! O clima está mudando e precisamos agir, seja prevenindo, seja mitigando os impactos. Secas, chuvas intensas, geadas tardias e até inundações têm sido cada vez mais frequentes, algo que não víamos há algumas décadas.De acordo com o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), a temperatura média da superfície da Terra pode subir até 4°C nos próximos 80 anos, se nada for feito para conter as mudanças climáticas. Para você ter uma ideia, entre 1900 e 2020, a temperatura aumentou "apenas" 1,1°C. Ou seja, estamos falando de um aumento quatro vezes maior em menos tempo. Assustador, né?E quanto ao vinho, o impacto já é evidente: maior concentração de açúcares nas uvas, regiões já quentes ficando ainda mais quentes, uvas sobremaduras, vinhos com maior teor alcoólico, pH elevado e mais suscetíveis a contaminações. Por outro lado, regiões mais frias, que antes não eram ideais para o cultivo de uvas, agora estão se destacando, como o Sul da Inglaterra, famoso por seus espumantes.Os próximos anos vão exigir bastante estudo e inovação: castas mais resistentes à seca, porta-enxertos alternativos, novas regiões de cultivo, reutilização de água tratada e práticas sustentáveis em todas as etapas, da vinha até a garrafa.A Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) está ligada nesse movimento e criou, em 2021, um grupo de trabalho sobre Desenvolvimento Sustentável e Mudanças Climáticas para estudar a fundo o tema. Aqui estão algumas das recomendações que vêm sendo desenvolvidas:  Estratégias de adaptação do setor vitivinícola às mudanças climáticas - Resiliência;Definição e recomendações da OIV para Agroecologia no setor vitivinícola;Viticultura de montanha e encostas íngremes;Conservação da natureza e da biodiversidade no setor vitivinícola;Importância da biodiversidade microbiana no contexto de viticultura sustentável;Sustentabilidade e ecodesign na adega;Revisão de metodologias para cálculo da pegada hídrica em vinhas;Recomendações metodológicas para contabilização do balanço de gases de efeito estufa no setor vitivinícola;Viticultura em zonas áridas;Práticas biodinâmicas: identificação e aplicação na viticultura. É um trabalho enorme, e exige que a gente coloque em prática o máximo de medidas possíveis para reduzir o impacto global!Deixo uma frase para reflexão, de um grande especialista no tema:“A evidência científica é inequívoca: as mudanças climáticas são uma ameaça ao bem estar do ser humano e à saúde do planeta. Qualquer atraso em uma ação climática conjunta provocará uma perda na breve e rápida janela aberta para garantir um futuro habitável.” Hans-Otto PörtnerFernanda SpinelliSommelier Internacional FISARWSET 3 em VinhosDelegada Científica Brasileira na OIVFoto: Javier Allegue Barros | Unsplash
Vinho da China?! Sim!

Vinho da China?! Sim!

A China não fica para trás quando se fala em produção. É claro que pensando em vinhos, já dominam também a arte.Atualmente, é um importante país produtor de vinhos tintos, principalmente das castas Cabernet Sauvignon, Merlot e Carmenère, deixando um pequeno espaço para a produção de vinhos brancos e rosados. Além das variedades internacionais, a China tem as suas próprias espécies autóctones, como a V. amurensis, resistente ao frio.Entretanto, a maior parte da viticultura da China é dedicada às uvas de mesa (frescas ou passas), que geram retornos mais atrativos aos produtores do que as uvas para vinhos finos.Apesar da expansão na década de 1980, a produção de vinhos na China também vive racionalização na era das medidas “anti-extravagância” do Presidente Xi Jingping. A influência política por lá é bastante forte, todos sabemos.Quanto ao clima, devido a ampla extensão país, entre as regiões vinícolas de Heilongjiang, no nordeste, e Yunnan, no sul, as regiões podem ter climas muito diferentes. Quase todas as regiões vitivinícolas da China apresentam clima continental marcado com invernos frios e áridos.  Um fato curioso é que a maior parte das vinhas devem ser enterradas para sobreviver às baixas temperaturas do inverno, assim como às condições muito áridas. As fortes chuvas de verão também afetam a maioria das regiões vinícolas chinesas, embora em algumas regiões a precipitação total seja pequena.Entre as regiões destacam-se: Heilongjiang, Jilin, Beijing, Hebei, Shandong, Shanxi, Shaanxi, Ningxia, Xinjiang, Gansu e Yunnan. Quando pensamos em vinificação, o modelo seguido normalmente é o estilo bordalês francês, tendo tido uma boa evolução de qualidade na última década.Certamente muitos que lerão este texto nunca provaram um vinho chinês. Quem sabe eventualmente surja esta oportunidade?!Créditos imagem: Unsplash - Jennifer Chen
Vamos falar sobre variedades francesas?

Vamos falar sobre variedades francesas?

Famosas, versáteis e amplamente conhecidas, as variedades francesas fazem sucesso nos mais variados países.Na França estão fortemente associadas às suas regiões vinícolas individuais, sendo as dez principais: Tintas:Merlot: de brotação precoce e maturação média, atinge níveis mais elevados de açúcar e, portanto, mais elevados de maior potencial alcoólico. Sua baga tem maior volume que a Cabernet Sauvignon. Apresenta, em geral, uma intensidade média a pronunciada de carga frutada (morango e ameixa vermelha com sabores herbáceos em clima frio; amora cozida, ameixa-preta em clima quente), taninos médios e álcool médio a alto.Grenache Noir: de maturação tardia, precisa de clima quente para sua maturação plena. As uvas podem acumular rapidamente níveis elevados de açúcar, o que pode ser um problema em vinhos secos. Seus vinhos apresentam, em geral, coloração rubi pálida, aromas de frutas vermelhas maduras, como morango, ameixa, cereja, notas de especiarias e ervas, alto teor alcoólico, taninos baixos a médios e baixa acidez.Syrah: de brotação tardia e maturação média, seus vinhos normalmente apresentam cor rubi profunda, aromas e sabores de intensidade média a pronunciada, com destaque para violeta, ameixa (vermelha em anos e locais mais frios, preta em anos e locais mais quentes), amora, pimenta-preta e notas herbáceas. A acidez e os taninos variam de médio a alto. Cabernet Sauvignon: de brotação e maturação tardias, tem película grossa, com alto teor de taninos, e menor tamanho que a sua parceira de blends bordaleses, a Merlot. Apresenta aroma normalmente pronunciado de violetas, frutas pretas como groselha preta, cereja preta e mentol ou herbáceo, tem álcool médio, acidez e taninos altos.Cabernet Franc: de brotamento precoce e maturação média, deve ser colhida madura o suficiente para não ter aromas excessivamente herbáceos. Normalmente seus vinhos apresentam intensidade média a pronunciada de frutas vermelhas, como groselha, framboesa, floral de violetas, corpo leve a médio, taninos médios e acidez elevada.Carignan: de brotação e maturação tardias. Os vinhos normalmente têm cor rubi médio, com frutas como amora, acidez e taninos altos. Alguns exemplares premium apresentam também frutas negras intensas, com especiarias e notas terrosas.Pinot Noir: de brotação e maturação precoce, é uma varietal delicada, que amadurece bem em regiões frias. Seus vinhos normalmente entregam notas de morango, framboesa e cereja vermelha, se houver passagem por barricas, sabores leves derivados de carvalho (fumaça, cravo), taninos baixo a médio, álcool médio e acidez elevada. Podem desenvolver notas de terra, caça e cogumelos com o envelhecimento. Brancas:Ugni Blanc: a branca mais produzida na França, varietal utilizada na elaboração de brandy's, Cognac e Armagnac no sudoeste do país.Chardonnay: variedade versátil, de brotação e maturação precoce. Em climas frios, como na Borgonha, os vinhos têm notas maçã, pêra, limão e lima, corpo leve a médio e acidez elevada (ex. Chablis). Em climas moderados, os vinhos apresentam citrinos maduros, melão e frutas de caroço, corpo médio a médios (+), com acidez média (+) a alta (Côte d’Or).Sauvignon Blanc: de brotação tardia e maturação relativamente precoce, os vinhos elaborados a partir da Sauvignon Blanc apresentam tipicamente aromas de intensidade pronunciada de gramínea, pimentão e aspargos com sabores de groselha e toranja (áreas mais frias) até maracujá maduro (áreas mais quentes). Normalmente tem corpo e álcool médio e acidez alta. É claro que várias outras castas autóctones são encontradas no país, mais adiante desbravaremos esse mar de variedades.Saúde!Créditos Imagem: Unsplash (Al Emes).

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Luis Cañas
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Vinãs Viejas Blanco 2022

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Chateau De Messey

Mâcon-Villages Les Chouettes 2022

Não, não estamos falando de Puligny ou Chassagne-Montrachet. Nem de Meursault. Sequer estamos na Côte de Beaune. Tampouco em Chablis. É do sul da Borgonha – do Mâconnais – que vem nossa joia de hoje.

A revolução contemporânea da região acontece aqui.

Com mais liberdade para experimentação – ou seja, sem o fardo de manter intocados os estilos consagrados das apelações mais famosas – o Mâconnais pulsa com inovação.

Aqui a Chardonnay, que já ganhou destaque em Pouilly-Fuissé, vê agora muitas áreas vizinhas mostrando que podem fazer um trabalho sensacional com a grande Rainha das Uvas Brancas.

Pense num vinho vibrante, com aromas convidativos de limão-siciliano, pêssego e pera. Some a isso notas de pão-fresco, flores brancas, e um discreto toque lácteo.

O paladar combina mineralidade com uma textura calcária, decorrente do envelhecimento em barricas junto das leveduras. No quesito sabor os cítricos dão o tom, com limão e abacaxi verde. Ao fundo um leve toque de manga, que parece não ter pressa alguma em desaparecer.

Um Chardonnay preciso. Definitivamente Borgonha, mas com sua própria identidade.

Obra do Domaine du Château de Messey, uma das maiores estrelas em ascensão no Mâconnais. Comandada por Frédéric Servais – Enólogo do Ano na Borgonha em 2017 – o Domaine ocupa uma área nobre na porção de Mâcon-Cruzilles, que começou a ser trabalhada com vinhedos pelos monges da Abadia de Cluny, no longínquo século XII.

A filosofia é de respeito total ao terroir. Certificada orgânica, a propriedade não emprega nenhum químico nas suas vinhas. A colheita é manual, a vinificação usa leveduras nativas, e a filtração é mínima, visando preservar ao máximo o caráter do vinho. Até mesmo o uso de sulfitos é extremamente judicioso.

Um trabalho irretocável. Recomendamos fortemente que você o conheça.

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Luis Cañas

Vinãs Viejas Blanco 2022

"Um branco incrivelmente bem feito e equilibrado, que possui uma sensação de boca multifacetada, riqueza florescente, e um final mineral, limpo e crocante, quase sápido."
—Jeb Dunnuck, 94 pontos

Rioja: quase todo mundo associa essa região a vinhos tintos (com muita razão). Alguns dos melhores da Espanha são produzidos lá!

 Mas o que a maioria desconhece, é que Rioja também é berço de excelentes rosados (se você nunca provou um Tondonia, recomendo que o faça), e de brancos sensacionais (especialmente os envelhecidos em carvalho)!

Hoje trazemos um exemplar desta última categoria. Um vinho que a cada safra ganha mais admiradores mundo afora.

Obra de um dos melhores produtores desta DOCa: estamos falando de Luis Cañas, bodega familiar atualmente comandada pela quarta geração.

O vinho é elaborado através de um corte entre Viura – casta branca mais importante da região, que responde por 90% do blend – e Malvasía de Rioja (10%).

As uvas provêm de vinhas velhas da porção de Rioja Alavesa, considerada a melhor da denominação. Com idade média de 60 anos, essas vinhas foram plantadas nas chamadas cabezadas – as zonas mais elevadas e com os solos mais pobres – garantindo assim rendimentos baixíssimos por planta, com alta concentração de sabor nos bagos.

A Viura é uma casta que mostra ótima afinidade com a madeira, por ser resistente a oxidação. Luis Cañas opta então por uma elaboração na qual já a fermentação alcoólica se dá em barricas novas, que mesclam carvalho francês (75%) e americano (25%). A maturação segue nas mesmas barricas para 70% do vinho, com o restante envelhecendo em uma mescla de ânforas, tanques de concreto e inox. Bâtonnages periódicos agregam uma ótima estrutura pro vinho.

De aroma exuberante, traz a clássica nota de cera de abelha, junto a frutos como limão-siciliano, pêssego maduro e maçã amarela. Uma baunilha latente agrega complexidade, escoltada por toques de funcho e anis-estrelado. O perfil de boca é generoso e dotado de grande tensão, combinando uma acidez elétrica com uma ótima untuosidade.

Vale cada centavo do seu preço cheio! Aproveite enquanto ele ainda caminho rumo a consagração do seu status cult. Em breve esse preço deve escalar em muitas vezes...

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