Bons Vinhos Nascem do Estresse

10 de março - 2016

Bons Vinhos Nascem do Estresse

A palavra equilíbrio frequentemente está presente na descrição de bons vinhos. Nada em excesso e nada faltando. Mas o equilíbrio alcançado no vinho tem um preço para a videira. É preciso um pequeno e controlado estresse. Vamos entender:

Vinhos e videiras são criações humanas

Na natureza, uma videira - que é uma planta trepadeira - tende a crescer e espalhar novos brotos. Em condições favoráveis de nutrientes, água e calor, ela vai procurar a expansão vegetativa e, normalmente, não dará muitos frutos. Seu instinto vai entender que naquele lugar, tudo está perfeito para sua morada e não há motivos para se preocupar com a sobrevivência. É o contrário do que acontece com o cultivo da videira para produção de vinhos. Ela é submetida a uma situação na qual terá que “lutar” um pouco mais, sem confortos demasiados. Isso não é natural, obviamente, assim como toda a agricultura do ser humano. Na natureza todos os seres vivos interferem e se relacionam de alguma forma com seu meio. Fazendo uma analogia com uma pessoa que tenha todo o conforto possível, as chances dela não se esforçar e desenvolver novas habilidades é grande. Mas quando existem necessidade e urgência, aparecem a energia e inteligência para desbravar novos caminhos. Com as videiras também funciona assim. Vinhos bons são feitos com vinhas que passaram por algum estresse hídrico e – importante dizer – controlado! O objetivo é diminuir o seu vigor natural e não incentivar a produção de novos brotos e raízes superficiais. Um crescimento vigoroso faz com que as uvas aumentem de tamanho e diminuam as características químicas desejadas para a produção de um bom vinho. 

estresse hidrico na videira

Ilustração por Jason Holley

  1. A fotossíntese produzida pelas folhas é transformada em sacarose.
  2. A água então, transporta a sacarose por toda a planta.
  3. Aos poucos esse tipo de açúcar se transforma em glicose, e em seguida, em frutose, que são os açucares passíveis de fermentação. O açúcar é muito importante porque é através dele que as leveduras produzirão o álcool.

O estresse hídrico

Toda videira precisa de água, mas em Bordeaux e alguns locais na Toscana, ela (água) precisa vir naturalmente pela chuva. A irrigação é proibida por lei para vinhas antigas, a não ser em casos extremos. Para os europeus é uma forma de manter o terroir. Em outros países não existem regras tão rígidas, em parte porque a produção de vinhos nesses lugares só será possível se os vinhedos forem regularmente irrigados. Portanto a gestão do estresse é fundamental. Em síntese, o estresse hídrico significa que o nível de água ficou abaixo de um ideal de sobrevivência para a planta. Isso é importante porque ela responde desenvolvendo raízes mais profundas para buscar água. Com isso, produzirá menos folhas e se concentrará em se reproduzir (o que, no caso de um vegetal, significa produzir frutos). Essa situação, aliada com o calor do sol, trará um aumento de açúcar, antocianinas e compostos fenólicos na uva. O cuidado é grande em busca de um equilíbrio ideal porque se a temperatura do clima for muito alta, e houver pouca água, a planta simplesmente “desliga” a fabricação dos frutos e tudo se perde. O enólogo acompanha todo o processo, medindo a umidade do solo, para que quando a maturação estiver equilibrada, a colheita possa começar.

Fases da maturação nas uvas

  • Maturação Fenólica - É a quantidade e qualidade dos polifenóis presentes. Com um estresse controlado de água há o aumento dos compostos fenólicos.
  • Maturação Aromática – Grande parte dos compostos aromáticos estão na pele das uvas. O estresse hídrico e o aumento da temperatura na planta ajudam a enriquecer os aromas.
  • Maturação Enológica/Tecnológica – é o momento ideal para a colheita, onde as uvas apresentarão uma estabilidade dos açúcares e acidez. Esse equilíbrio é desejável na produção de bons vinhos.

Conclusão

Se fizermos um paralelo com a vida humana, talvez não existam grandes recompensas se não houverem esforços. Sair da zona de conforto é a forma de produzir bons frutos. Para as videiras é o estresse hídrico, na intensidade e no tempo certo, que dará ao enólogo os recursos ideais para produzir bons vinhos. Equipe VinumDay • um vinho para cada dia 

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Vitivinicultura x Mudanças Climáticas

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Você já pensou nas consequências que as mudanças climáticas estão trazendo para a vitivinicultura ao redor do mundo?Se você é um amante do vinho, prepare-se para um panorama que vai te surpreender!Até pouco tempo atrás, ninguém imaginava que estudar mudanças climáticas seria essencial para o universo do vinho. Mas, cá estamos! O clima está mudando e precisamos agir, seja prevenindo, seja mitigando os impactos. Secas, chuvas intensas, geadas tardias e até inundações têm sido cada vez mais frequentes, algo que não víamos há algumas décadas.De acordo com o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), a temperatura média da superfície da Terra pode subir até 4°C nos próximos 80 anos, se nada for feito para conter as mudanças climáticas. Para você ter uma ideia, entre 1900 e 2020, a temperatura aumentou "apenas" 1,1°C. Ou seja, estamos falando de um aumento quatro vezes maior em menos tempo. Assustador, né?E quanto ao vinho, o impacto já é evidente: maior concentração de açúcares nas uvas, regiões já quentes ficando ainda mais quentes, uvas sobremaduras, vinhos com maior teor alcoólico, pH elevado e mais suscetíveis a contaminações. Por outro lado, regiões mais frias, que antes não eram ideais para o cultivo de uvas, agora estão se destacando, como o Sul da Inglaterra, famoso por seus espumantes.Os próximos anos vão exigir bastante estudo e inovação: castas mais resistentes à seca, porta-enxertos alternativos, novas regiões de cultivo, reutilização de água tratada e práticas sustentáveis em todas as etapas, da vinha até a garrafa.A Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) está ligada nesse movimento e criou, em 2021, um grupo de trabalho sobre Desenvolvimento Sustentável e Mudanças Climáticas para estudar a fundo o tema. Aqui estão algumas das recomendações que vêm sendo desenvolvidas:  Estratégias de adaptação do setor vitivinícola às mudanças climáticas - Resiliência;Definição e recomendações da OIV para Agroecologia no setor vitivinícola;Viticultura de montanha e encostas íngremes;Conservação da natureza e da biodiversidade no setor vitivinícola;Importância da biodiversidade microbiana no contexto de viticultura sustentável;Sustentabilidade e ecodesign na adega;Revisão de metodologias para cálculo da pegada hídrica em vinhas;Recomendações metodológicas para contabilização do balanço de gases de efeito estufa no setor vitivinícola;Viticultura em zonas áridas;Práticas biodinâmicas: identificação e aplicação na viticultura. É um trabalho enorme, e exige que a gente coloque em prática o máximo de medidas possíveis para reduzir o impacto global!Deixo uma frase para reflexão, de um grande especialista no tema:“A evidência científica é inequívoca: as mudanças climáticas são uma ameaça ao bem estar do ser humano e à saúde do planeta. Qualquer atraso em uma ação climática conjunta provocará uma perda na breve e rápida janela aberta para garantir um futuro habitável.” Hans-Otto PörtnerFernanda SpinelliSommelier Internacional FISARWSET 3 em VinhosDelegada Científica Brasileira na OIVFoto: Javier Allegue Barros | Unsplash
Vinho da China?! Sim!

Vinho da China?! Sim!

A China não fica para trás quando se fala em produção. É claro que pensando em vinhos, já dominam também a arte.Atualmente, é um importante país produtor de vinhos tintos, principalmente das castas Cabernet Sauvignon, Merlot e Carmenère, deixando um pequeno espaço para a produção de vinhos brancos e rosados. Além das variedades internacionais, a China tem as suas próprias espécies autóctones, como a V. amurensis, resistente ao frio.Entretanto, a maior parte da viticultura da China é dedicada às uvas de mesa (frescas ou passas), que geram retornos mais atrativos aos produtores do que as uvas para vinhos finos.Apesar da expansão na década de 1980, a produção de vinhos na China também vive racionalização na era das medidas “anti-extravagância” do Presidente Xi Jingping. A influência política por lá é bastante forte, todos sabemos.Quanto ao clima, devido a ampla extensão país, entre as regiões vinícolas de Heilongjiang, no nordeste, e Yunnan, no sul, as regiões podem ter climas muito diferentes. Quase todas as regiões vitivinícolas da China apresentam clima continental marcado com invernos frios e áridos.  Um fato curioso é que a maior parte das vinhas devem ser enterradas para sobreviver às baixas temperaturas do inverno, assim como às condições muito áridas. As fortes chuvas de verão também afetam a maioria das regiões vinícolas chinesas, embora em algumas regiões a precipitação total seja pequena.Entre as regiões destacam-se: Heilongjiang, Jilin, Beijing, Hebei, Shandong, Shanxi, Shaanxi, Ningxia, Xinjiang, Gansu e Yunnan. Quando pensamos em vinificação, o modelo seguido normalmente é o estilo bordalês francês, tendo tido uma boa evolução de qualidade na última década.Certamente muitos que lerão este texto nunca provaram um vinho chinês. Quem sabe eventualmente surja esta oportunidade?!Créditos imagem: Unsplash - Jennifer Chen
Vamos falar sobre variedades francesas?

Vamos falar sobre variedades francesas?

Famosas, versáteis e amplamente conhecidas, as variedades francesas fazem sucesso nos mais variados países.Na França estão fortemente associadas às suas regiões vinícolas individuais, sendo as dez principais: Tintas:Merlot: de brotação precoce e maturação média, atinge níveis mais elevados de açúcar e, portanto, mais elevados de maior potencial alcoólico. Sua baga tem maior volume que a Cabernet Sauvignon. Apresenta, em geral, uma intensidade média a pronunciada de carga frutada (morango e ameixa vermelha com sabores herbáceos em clima frio; amora cozida, ameixa-preta em clima quente), taninos médios e álcool médio a alto.Grenache Noir: de maturação tardia, precisa de clima quente para sua maturação plena. As uvas podem acumular rapidamente níveis elevados de açúcar, o que pode ser um problema em vinhos secos. Seus vinhos apresentam, em geral, coloração rubi pálida, aromas de frutas vermelhas maduras, como morango, ameixa, cereja, notas de especiarias e ervas, alto teor alcoólico, taninos baixos a médios e baixa acidez.Syrah: de brotação tardia e maturação média, seus vinhos normalmente apresentam cor rubi profunda, aromas e sabores de intensidade média a pronunciada, com destaque para violeta, ameixa (vermelha em anos e locais mais frios, preta em anos e locais mais quentes), amora, pimenta-preta e notas herbáceas. A acidez e os taninos variam de médio a alto. Cabernet Sauvignon: de brotação e maturação tardias, tem película grossa, com alto teor de taninos, e menor tamanho que a sua parceira de blends bordaleses, a Merlot. Apresenta aroma normalmente pronunciado de violetas, frutas pretas como groselha preta, cereja preta e mentol ou herbáceo, tem álcool médio, acidez e taninos altos.Cabernet Franc: de brotamento precoce e maturação média, deve ser colhida madura o suficiente para não ter aromas excessivamente herbáceos. Normalmente seus vinhos apresentam intensidade média a pronunciada de frutas vermelhas, como groselha, framboesa, floral de violetas, corpo leve a médio, taninos médios e acidez elevada.Carignan: de brotação e maturação tardias. Os vinhos normalmente têm cor rubi médio, com frutas como amora, acidez e taninos altos. Alguns exemplares premium apresentam também frutas negras intensas, com especiarias e notas terrosas.Pinot Noir: de brotação e maturação precoce, é uma varietal delicada, que amadurece bem em regiões frias. Seus vinhos normalmente entregam notas de morango, framboesa e cereja vermelha, se houver passagem por barricas, sabores leves derivados de carvalho (fumaça, cravo), taninos baixo a médio, álcool médio e acidez elevada. Podem desenvolver notas de terra, caça e cogumelos com o envelhecimento. Brancas:Ugni Blanc: a branca mais produzida na França, varietal utilizada na elaboração de brandy's, Cognac e Armagnac no sudoeste do país.Chardonnay: variedade versátil, de brotação e maturação precoce. Em climas frios, como na Borgonha, os vinhos têm notas maçã, pêra, limão e lima, corpo leve a médio e acidez elevada (ex. Chablis). Em climas moderados, os vinhos apresentam citrinos maduros, melão e frutas de caroço, corpo médio a médios (+), com acidez média (+) a alta (Côte d’Or).Sauvignon Blanc: de brotação tardia e maturação relativamente precoce, os vinhos elaborados a partir da Sauvignon Blanc apresentam tipicamente aromas de intensidade pronunciada de gramínea, pimentão e aspargos com sabores de groselha e toranja (áreas mais frias) até maracujá maduro (áreas mais quentes). Normalmente tem corpo e álcool médio e acidez alta. É claro que várias outras castas autóctones são encontradas no país, mais adiante desbravaremos esse mar de variedades.Saúde!Créditos Imagem: Unsplash (Al Emes).

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Etna Rosso 2022

Caro enófilo,

Nosso garimpo semanal vem do país da bota, mais especificamente do nordeste da Sicília, nas encostas majestosas do Monte Etna. Um tesouro vulcânico, fruto de uma viticultura heroica.

É elaborado a partir de vinhedos terraçados com rocha vulcânica, com altitude de variando entre 600-800 metros, inseridos em solos de lava, cinzas e lapilli. O ambiente é tão inóspito que muitas videiras são plantadas em pé-franco, pois nem mesmo a filoxera conseguiu sobreviver neste local.

Seu produtor tem pedigree: Alta Mora é um projeto da Cusumano, uma das famílias mais renomadas da viticultura siciliana.

Alta Mora Etna Rosso 2022 é elaborado exclusivamente com Nerello Mascalese, uma cepa autóctone da Sicília, que oferece elegância e complexidade excepcionais. A variedade é frequentemente comparada à Nebbiolo e à Pinot Noir, tanto por dar vida a tintos elegantes, que expressam com clareza seus micro-terroirs, quanto pela capacidade de gerar vinhos que envelhecem bem.

Suas uvas são colhidas manualmente – a colheita mecânica é impossível nas encostas vulcânicas – e a vinificação fica a cargo do renomado Mario Ronco. Após a fermentação, o vinho envelhece em botti de carvalho por um período médio de oito meses.

Na taça temos um tinto luxuoso, com aromas inebriantes de cerejas frescas, cranberry e amoras, que ganham a complexidade notas minerais (pedra quente) e sanguíneas. No segundo plano, um belo pot-pourri de flores de bosque. O paladar é cativante, com taninos finos e uma acidez suculenta, que confere vivacidade ao conjunto. Traz sabores de frutas negras, um toque cítrico de pomelo, além de nuances picantes no ótimo final.

Garanta uma garrafa na sua adega e desfrute de um dos melhores vinhos que a Sicília tem a oferecer.

A produção é super limitada, assim como a nossa oferta. Não perca tempo!

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Zorzal

Cuatro del Cuatro 2021

Graciano. Vinhas velhas. Produção limitadíssima. Uma das melhores safras da história. Que belo tributo ao patriarca da família Zorzal!

A história da Viña Zorzal começa em 1989, quando Antonio Sanz decide elaborar seus próprios vinhos, norteado pela meta de figurar entre os melhores de Navarra. Naquela época, Sanz dividia seu tempo entre os vinhedos e a vinícola, mas admitia preferir o trabalho no interior da adega, onde as condições eram muito mais confortáveis.

Com o passar dos anos, reconheceu que a verdadeira qualidade nasce no vinhedo — uma lição que se tornou um dos pilares da Zorzal. Ao lado de seus filhos Xabi, Iñaki e Mikel, desenha uma segunda missão: valorizar as castas autóctones de Navarra.

Entre elas, a Graciano, que logo ganha destaque internacional e se torna símbolo desse trabalho. Aqui temos um exemplar elaborado exclusivamente com esta variedade, oriunda de vinhas com 44 anos na porção de Combatillo. É fermentado com leveduras nativas e amadurecido por 12 meses em barris de carvalho francês de 300 e 500 litros.

Na taça temos um tinto carnudo e gastronômico, repleto de frutas vermelhas, especiarias picantes e notas defumadas. Traz um toque bordalês – característico da cepa – com final longo e complexo, que revela nuances balsâmicas.

O vinho é uma homenagem a Antonio: a Graciano sempre foi a variedade que mais o fascinou. Quando o degustamos, foi fácil entender o porquê.

Invista neste premiado tinto, e se permita adentrar o clube de apaixonados pela Graciano de Navarra!

P.S.: o nome do vinho – Cuatro del Cuatro – se refere à data de aniversário de Antonio (quatro de abril).

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