Se existe um vinho que tem histórias para contar, este é o vinho Tokaji. De origem húngara e eslovaca, o chamado elixir imortal – feito de uvas atacadas por fungos - sempre esteve na companhia de personalidades históricas como reis, presidentes e czares. Incluindo o enlouquecido e mítico Rasputin, que foi envenenado por cianeto adicionado ao Tokaji. O debate nas últimas décadas está entre manter o Tokaji segundo a tradição, com uma vinificação mais oxidativa (mosto exposto a ação do oxigênio) ou modernizá-lo, tornando-o mais límpido e clarificado, consequentemente, mais em consonância com o paladar moderno. Talvez a resposta seja ambos! O que todos sabem, com certeza, é que os imortais tokajis estarão entre nós por muito tempo ainda.
Região de Tokaj-Hegyalja, na Hungria
O vinho Tokaji (ou tokai como era chamado pelos franceses e ingleses) é produzido exclusivamente na região de Tokaj-Hegyaja, decretada como a única produtora do vinho desde 1757, pela então governante do país Maria Theresa Walburga. Sua área total é de quase 12 mil hectares, sendo 5.500 hectares de plantações, das quais a maioria está localizada na Hungria e uma pequena parte na Eslováquia.
Região Tokaj-Hegyaja é a única que pode produzir o vinho Tokaji.
A alta umidade vem da proximidade com os rios Bodrog e Tisza, favorecendo o surgimento da podridão nobre, causada pelo fungo botrytis cinerea. Relatos históricos dizem que os primeiros vinhos produzidos intencionalmente com uvas botritizadas foram feitos em Tokaj, por volta do ano 1650. O solo é argiloso, antigo, e composto por rochas vulcânicas. Uma curiosidade são as caves subterrâneas construídas entre 1400 e 1600 e que mantém uma umidade de 85 a 90%, ideal para a conservação do Tokaji.
Adegas subterrâneas são curiosas atrações em Tokaj.
Castas usadas no vinho Tokaji
Os vinhos tokajis são elaborados com as uvas colhidas tardiamente e a legislação permite apenas 6 castas: Furmint – uva branca com elevado potencial aromático, nativa da região e corresponde a 60% da área plantada. Hárslevelü – conhecida também como Lipovina na Eslováquia, essa casta também nativa de Tokaj compõe o blend, agregando corpo e bouquet abundante de especiarias. Cerca de 30% da área dos vinhedos são dessa variedade. Muscat – uma das castas mais antigas do mundo e conhecida desde a antiga Grécia e Império Romano. Outras castas de menor presença são: Zeta, Kövérszõlõ e Kabar, e vale notar alguns experimentos atuais que procuram reintroduzir a Gohér, uma cepa quase extinta. Um tokaji clássico é elaborado entre as castas Furmint, Hárslevelü e uma pequena parte de Muscat. Porém a proporção entre elas é segredo de cada produtor, sendo este o elemento que forja a personalidade de cada um dos vinhos.
O que são Puttonyos de Aszú
Após o ataque do fungo botrytis nas uvas (podridão nobre), os frutos atingidos são colhidos a mão e formam o que os húngaros chamam de aszú, ou seja, apenas uvas passas botritizadas. O puttonyo é uma medida de peso da aszú, sendo que 1 puttonyo corresponde a 25kg de aszú. Essa massa então, é adicionada ao vinho base na elaboração do vinho tokaji. A quantidade de puttonyo vai determinar os tipos de tokaji. Vejamos:
Tokaji Szamorodni
Nem sempre a natureza faz o que gostaríamos, e por isso quando há poucas uvas botritizadas a colheita é feita sem a seleção e os cachos são colhidos juntos. Esse processo dá origem ao vinho Tokaji Szamrodni, que necessariamente tem que conter e ser elaborado por uvas parcialmente botritizadas. Dependendo da proporção do Aszú, será um vinho seco ou doce. O Szamorodni doce possui menos de 30 gramas por litro de açúcar residual.
Tokaji Aszú
Esse é o típico tokaji. Com uma acidez que complementa perfeitamente o açúcar do Aszú adicionado, o Tokaji Aszú é elaborado com um seleto grupo de frutos colhidos a mão. A quantidade de puttonyos acrescidos aos barris de vinho base determina a qualidade do vinho. Aszú 3 Puttonyos - 60 a 90 g de açúcar residual por litro Aszú 4 Puttonyos - 90 a 120 g de açúcar residual por litro Aszú 5 Puttonyos - 120 a 150 g de açúcar residual por litro Aszú 6 Puttonyos - 150 a 180 g de açúcar residual por litro Aszú Eszencia - 180 a 450 g de açúcar residual por litro
Puttonyos são quantidades de aszú do Tokaji.
Tokaji Eszencia
O mais raro dos tokajis é o Tokaji Eszencia. Muito doce e com a consistência de um mel, ele é o mais longevo, envelhecendo muito bem por séculos. No processo, o aszú é colhido a mão e colocado em barris. O próprio peso das bagas faz o esmagamento, dando origem a um sumo rico e aromático, usado exclusivamente na elaboração do Tokaji Eszencia. Com açúcar residual entre 450 a 850 g, este vinho é extremamente abundante em aromas, sendo o tokaji que alcança as mais altas cifras nos leilões.
Conclusão
Assim como o vinho Tokaji permeia a história, é muito gratificante saber que o desejo de muitos visionários se volta para a produção de vinhos de alta gama. Vinhos que nos dão raras experiências e que nos acompanham, preferencialmente, nos bons momentos e em boas companhias. Saúde a todos; ou como dizem os húngaros: Egészségére! Equipe VinumDay • um vinho para cada dia
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Lembro até hoje da primeira vez que provei um Godello de Bierzo: foi o Ultreia, de Raúl Pérez.
Os aromas de frutas de caroço maduras, flores e aquela mineralidade envolvida pela complexidade da maturação sobre as lias me fascinaram e permanecem vivos na memória. Desde então, sempre que revisito um Godello desta região, minha admiração renasce.
Foi com essa lembrança que, recentemente, conheci o vinho de JAG (José António García). Ao prová-lo, percebi que estava diante de um exemplar capaz de despertar em mim tanto fascínio quanto o primeiro que experimentei.
JAG começou a elaborar vinhos em 2010, mas carrega a tradição de uma família que cultiva vinhas em Bierzo há gerações. Iniciou seu trabalho nas instalações de Raúl Pérez e, hoje, conduz a vinícola ao lado da esposa, seguindo uma filosofia que garante a máxima expressividade do terroir: viticultura orgânica, colheitas precoces e fermentações espontâneas com leveduras selvagens. Seus vinhos são fiéis representantes do lugar de onde vêm.
Chamado de “A Borgonha espanhola”, Bierzo valoriza suas castas autóctones, especialmente a tinta Mencía e a branca Godello, e adotou um sistema de classificação inspirado na renomada região francesa, destacando origens regionais, de aldeia e de vinhedo único.
O varietal de JAG pertence à categoria Vino de Villa e nasce de vinhas em solo de xisto em Valtuille de Abajo, plantadas em 1860 — isso mesmo, há mais de 160 anos!
A fermentação ocorreu espontaneamente em foudres de 500 litros de carvalho francês, permanecendo 11 meses sobre as borras finas, sem malolática, preservando a energia e vivacidade da fruta.
Na taça, é um vinho de grande riqueza aromática: flores brancas e ervas frescas se combinam com frutas maduras, como maçã, pera e damasco, contornadas por notas amêndoas e pão tostado, além de notas de sílex, que reforçam sua mineralidade.
No paladar, a acidez pulsante confere ritmo, enquanto a textura cremosa preenche a boca. Os sabores se desdobram em camadas harmoniosas — jasmim, frutas maduras, nuances tostadas e toques minerais — até um final longo, preciso e revelador da tipicidade varietal.
O Godello de José António García mantém viva a minha admiração pelos brancos de Bierzo e, certamente, é mais um exemplar desta magnífica região que ficará gravado na memória.
Aproveite a oferta desta semana e viva você também esta experiência!
O Merlau é uma ave nativa da Serra Gaúcha com um gosto muito peculiar: adora uva madura, no ponto de ser colhida, doce e suculenta. É ele quem anuncia que é chegada a hora da vindima quando começa a bicar os rechonchudos grãos ainda pendurados nas vinhas, alimentando-se da fruta que vinificada se transformará no néctar de Baco e Dionísio.
A vinícola boutique de Caxias do Sul Vinha Solo deu ao Merlau um rótulo só dele, homenagem ao mensageiro da nova safra, e o Pássaro Negro tem uma bela história a contar.
100% Merlot, é um corte inusitado de duas safras com quase dez anos as separando!
A de 2009 entrega a sutileza da fruta vermelha madura com um toque de ervas aromáticas frescas. Já a de 2018, aporta corpo ao assemblage, com a mesma fruta vermelha, mas desta feita mais densa, de acidez pungente e notas amadeiradas e terrosas, que remetem a canela em pau, fava de baunilha e cogumelos.
Praticante da vinicultura que descreve como “do bem”, a Vinha Solo impressiona pela consciência ecológica e cuidado nos processos de vinificação com a mínima intervenção humana possível.
Para o seu Pássaro Negro Merlot 2009/2018 foi primordial a atenção ao momento exato de colheita, escolhendo-se somente uvas no ponto correto de maturação. Após seleção manual da fruta e fermentação sob temperatura controlada, o vinho aguardou em tanque até o momento da feitura do blend, decantando naturalmente. O engarrafamento aconteceu sem filtragem.
Ótimo companheiro à mesa, harmoniza deliciosamente com saladas bem temperadas tendo queijos ou cogumelos dentre os ingredientes, além de molhos à base de tomate e carnes de cozimento longo.
Um tinto excelente e de excelência, lançado com exclusividade pela VinumDay em 2021, e que retorna hoje ao nosso palco participando da nossa criteriosa seleção de vinhos nacionais da campanha Brasil: da alquimia à arte.
Um vinho capaz de conquistar o paladar do enófilo iniciante e de superar as expectativas do mais experiente! E, tudo isso por menos de 100 reais!! Não por menos também conquistou o time da Revista Adega, que lhe atribuiu ótimos 91 pontos.
Aproveite para rechear sua adega! Esse raio não cairá por aqui novamente ;)