Sabemos que a França, com sua antiga tradição vinícola, é referência mundial quando falamos de DO (Denominação de Origem), ou em francês, AOC (Appellation d'Origine Contrôlée). Porém, suas regras são multifacetadas e sob um guarda-chuva de termos qualitativos, existem outros tantos de uso apenas regional. O termo Grand cru na classificação dos vinhos franceses é um dos mais representativos, por isso é importante entender quando, e em quais regiões, ele é sinônimo de alto potencial de qualidade. Ele está no topo da qualidade para Borgonha, mas difere em outras regiões, como Bordeaux. Vamos falar um pouco dessa denominação para ajudar a esclarecer as diferenças.
A origem das primeiras classificações
A história demonstra que as principais regiões francesas produtoras de vinhos, Bordeaux e Borgonha, classificam seus vinhos, ainda que não oficialmente, desde muitos séculos. No caso de Bordeaux, há registros de meados do século 18 como o Château Lafite de Thomas Jefferson de 1787. Na Borgonha, as criteriosas classificações dos vinhedos nobres (crus) pelos monges católicos cistercienses datam do século 12; e já anunciavam a importância de identificar os melhores terroirs. Mas foi em 1855 o ano da primeira classificação oficial, criada em Bordeaux, pelos comerciantes locais e ainda muito usada até hoje, apesar das muitas críticas dos produtores que ficaram de fora. Nesse mesmo ano, um livro escrito por Jules Lavalle classificava os vinhos de Borgonha em 5 categorias: hors ligne, tête de cuvée, premier cuvée, deuxième cuvée, tiers cuvée. Influenciado pelo sucesso do livro, e as iniciativas de Bordeaux, o Comitê de Agricultura de Beuane instituiu oficialmente, em 1861, as classificações para os vinhos de Borgonha, que divergem um pouco das de Bordeaux. As 5 categorias de Lavalle foram transformadas e modernizadas ao longo das décadas. No entanto, vale ressaltar que não há uma nomenclatura nacional para todas as regiões produtoras de vinhos franceses. São inúmeras as AOCs existentes no país e grande parte delas com regras únicas. Em Bordeaux são 50 AOCs, em Borgonha, chegam a 100. Vamos abordar particularmente a denominação Grand cru e as diferenças entre as duas famosas regiões. Assunto que costuma causar alguma confusão para os recém-iniciados.
O nível maior de qualidade na Borgonha é expresso pela classificação Grand Cru.
Grand cru de Borgonha
A Borgonha, e seus produtores, defendem um conceito que enfatiza o local específico dos vinhedos. Aqui, a importância é dada principalmente para o terroir, ou seja, vinhedos excepcionais em locais privilegiados, chamados crus. A palavra cru é uma conjugação do verbo coître (crescer) e significa crescido, tradução que não explica muita coisa para nós de língua portuguesa, mas que em francês representa algo como desenvolvido. Portanto, na Borgonha, a qualidade de um vinho é vista como inseparável de seu terroir. Sendo assim, temos as classificações orientadas às terras, muitas vezes pequenos terrenos, nos quais a vinha se desenvolve de forma extraordinária. Os melhores vinhedos são nomeados como Grand cru, e por isso os vinhos levam essa nomenclatura no rótulo. Ou seja, vinhos elaborados a partir de ótimos vinhedos têm grandes chances de se tornar um excelente vinho. A AOC de Borgonha classifica em 4 níveis os vinhos segundo a qualidade: Grand cru, Premier cru, Village e Régionale. Os prestigiados Grand crus são: Vinhos brancos: Chablis Grand Cru, Musigny, Corton de Pernand-Vergelesses, Corton de Ladoix-Serrigny, Corton de Aloxe-Corton, Corton-Charlemagne, Charlemagne de Pernand-Vergelesses, Charlemagne de Aloxe-Corton, Bâtard-Montrachet, Bienvenues-Bâtard-Montrachet, Chevalier-Montrachet, Montrachet, Criots-Bâtard-Montrachet. Vinhos tintos: Chambertin, Chambertin-Clos de Bèze, Chapelle-Chambertin, Charmes-Chambertin, Griotte-Chambertin, Latricières-Chambertin, Mazis-Chambertin, Mazoyères-Chambertin, Ruchottes-Chambertin, Bonnes-Mares de Morey-Saint-Denis, Clos de la Roche, Clos des Lambrays, Clos de Tart, Clos Saint-Denis, Bonnes-Mares de Chambolle-Musigny, Musigny, Clos de Vougeot, Échezeaux, Grands Échezeaux, La Grande Rue, La Romanée, La Tâche, Richebourg, Romanée-Conti, Romanée-Saint-Vivant, Corton de Aloxe-Corton, Corton-Charlemagne, Corton de Ladoix-Serrigny.
"Grand cru" de Bordeaux
Em Bordeaux, a categoria mais prestigiada é a Premier Cru.
Em Bordeaux é diferente. O nível mais alto não é chamado de Grand Cru e sim de Premier cru. As classificações ainda têm uma forte relação com o decreto de 1855, que busca valorizar principalmente o produtor. Isso significa que, mais que os formidáveis vinhedos, a ótica do terroir se volta para as técnicas de vinificação e a sabedoria dos antigos vinicultores. Isso quer dizer que os títulos classificam as vinícolas, e não os vinhedos. A nomenclatura usada para preconizar a qualidade é dividida em 5 categorias. No maior nível estão os Premiers crus, seguidos por Deuxièmes crus, Troisièmes crus, Quatrièmes crus, Cinquièmes crus. Um caso interessante é que para os vinhos brancos existe uma categoria especial – e acima dos Premiers crus - para o Château D´Yquem, denominado Premier cru supérieur. Na região de Graves, existe uma classificação própria que estabelece apenas um nível de qualidade, os Crus Classés.
Grand cru de Saint-Emilion
A região de Bordeaux, Saint-Emilion, possui suas próprias regras, onde o termo Grand Cru volta ao topo da classificação.
Note que nas classificações acima citadas, não há o termo Grand cru, no entanto, Saint-Emilion, uma importante sub-região de Bordeaux, possui suas próprias regras, nas quais aparece novamente o termo Grand cru. Segundo a hierarquia de qualidade, temos no maior nível os Premiers grand crus classés, subdivididos em classe A e B; e abaixo os Grand crus classés. As vinícolas classificadas recebem uma revisão a cada 10 anos, o que pode rebaixar algumas ou ascender outras. Isso tem gerado acirradas disputas judiciais mediadas pelo INAO (Institut National Appellations Origine Vins et Eaux de Vie), fundado em 1935. Portanto, se quiser decifrar corretamente as classificações francesas e suas principais AOCs, será necessária uma atenção às regras únicas de cada localidade.
Grand cru da Alsácia
A Alsácia, região próxima à Alemanha, é outra importante produtora principalmente de vinhos brancos e espumantes. Nela, o termo Grand cru volta a aparecer para apontar os melhores vinhos, que regidos pela AOC própria, classifica-os apenas em Grand cru e Alsace AOC, e os espumantes como Crémant d'Alsace AOC.
Grand cru de Champagne
A AOC Champagne também estabelece regras diferenciadas para a produção dos seus famigerados espumantes. No entanto, e mais uma vez, a ótica é outra; o foco não está no produtor nem nas vinhas, e sim, no vilarejo em que os vinhedos estão. Levando-se em consideração o solo, clima, castas, vento, altitude, e outros requisitos, as categorias se dividem em: Grand cru classé, Premier cru classé e Cru classé.
Conclusão
A busca por vinhos classificados como Grand cru reflete, obviamente, a importância e a reputação francesa para a enologia mundial. Na maioria das vezes, comprova o status da alta qualidade de um vinho, sendo por isso, motivo de rivalidades, brigas judiciais e apelos de marketing. Na tentativa de voltarmos os olhos (e o paladar) para o fundamental, ou seja, a prática degustativa, defendemos o conhecimento comprovado na taça. Nessa jornada, as AOCs são indicadores que contribuem para o desenvolvimento do gosto pessoal. Então, abramos nossas mentes para a exploração de bons vinhos, sejam de Bordeaux, Borgonha, Mendoza ou qualquer outro terroir. Santé! Equipe VinumDay • um vinho para cada dia
A cada dia oferecemos um vinho por um preço super especial (em 99% dos casos é o melhor preço que você irá encontrar no mercado online).
Adega Virtual
Todas as compras que você realiza na VinumDay são enviadas para a sua adega virtual. Esse sistema exclusivo lhe permite acumular compras feitas em datas diferentes para obter frete reduzido ou gratuito.
Frete Grátis
Ao acumular compras na adega virtual acima de um determinado valor (que varia de R$ 400 a R$ 800 - dependendo da sua região) você pode solicitar a entrega com frete gratuito.
Pagamento
O pagamento pode ser realizado através de cartão de crédito ou então via depósito bancário/DOC/TED.
Apresentamos o ArteViva Especial Angelina, um tinto autoral que carrega alma, memória e propósito.
Giovanni Ferrari cresceu entre videiras e vinhos, herdeiro de uma tradição familiar que já durava gerações. Filho e neto de viticultores, decidiu ir além: estudou Enologia, trabalhou em grandes vinícolas brasileiras — entre elas Almaúnica, Chandon e Salton — e buscou experiências no Douro e em Épernay.
Em 2019, nasceu a ArteViva, sua própria vinícola, dedicada a criar vinhos premium e super premium que unem ousadia e respeito à tradição. Um dos diferenciais da propriedade está no uso de madeiras brasileiras na maturação, sem jamais mascarar a identidade das uvas e dos terroirs do Rio Grande do Sul.
A Linha Especial presta homenagem a pessoas fundamentais na vida de Giovanni. Angelina, em memória de sua avó, celebra a força e o afeto de uma mulher que foi inspiração para sua trajetória.
O vinho é um blend de Cabernet Franc (90%) e Petit Verdot (10%), uvas da Campanha Gaúcha. Amadureceu por 12 meses em barricas de carvalho francês, americano, esloveno e também em bálsamo.
Vamos conhecê-lo?
No nariz, revela uma combinação envolvente de frutas vermelhas e negras — amora, cereja, ameixa e mirtilo — harmonizadas com notas sutis de especiarias como cravo-da-índia e zimbro, além de delicadas nuances de tabaco, tosta e um toque de sálvia.
Em boca, conquista de imediato pelo caráter elegante, com taninos finos e polidos, acidez suculenta e vibrante, que realça a pureza da fruta. O final é persistente, delicioso e equilibrado, entregando um tinto sofisticado, autêntico e pronto para brilhar à mesa.
Uma escolha certeira para quem busca alta expressão — e pelos próximos dias, com um desconto especial!
Montepulciano d'Abruzzo é sempre um vinho muito requisitado na VinumDay. E, nesta comemoração de 11 anos, ficamos muito felizes em encontrar um vinho que traduz com tanta fidelidade a tradição e a essência dessa região tão especial.
Então, vamos conhecer o vinho de hoje?
“Os tons ocres da paisagem de outono levados pelos ventos do leste. O frio intenso do inverno domina a natureza, frágil e indefesa, despojada de sua beleza, mas não de seu charme. Dias curtos e sombrios lembram uma espécie de amor esgotado, amor diminuído. A chegada da luz e da primavera traz uma nova alegria. O fogo do amor queima novamente com uma nova paixão. Nos Idos de Março a natureza se orgulha de sua grande beleza e traz uma nova esperança para a terra adormecida.” — Vincenzo de Cerchio
Foi com essas palavras, escritas em 1910, que Vincenzo de Cerchio descreveu o cenário arrebatador de Abruzzo, ao decidir se estabelecer na região. Um século depois, em 2010, seu bisneto Federico de Cerchio fundou a Idi di Marzo, em homenagem à memória e à paixão de Vincenzo.
Instalada em Villamagna — que dá nome a uma DOC reconhecida como verdadeiro cru do Montepulciano d’Abruzzo —, a vinícola cultiva não apenas essa casta emblemática, mas também outras variedades autóctones italianas. Toda a produção segue os princípios da viticultura orgânica e a filosofia da fermentação espontânea, com leveduras nativas, que garantem aos vinhos autenticidade e um perfil aromático inconfundível.
O Montepulciano d'Abruzzo Amarne Family Selection nasce de uma rigorosa seleção de uvas Montepulciano cultivadas na propriedade Idi Di Marzo. O vinho amadurece por 6 meses em barricas de carvalho francês e da Eslavônia, seguido de mais 3 meses em garrafa, antes de ser lançado ao mercado.
Na taça, revela toda a sua imponência: aromas intensos de amora, mirtilo e ameixa, entrelaçados com notas de cravo e noz-moscada, toques elegantes de torrefação, cacau e delicadas nuances florais e terrosas.
Em boca, é denso, encorpado, com acidez vibrante e taninos sedosos. Exuberante em sua concentração de sabores, prolonga-se em um final delicioso, longo e persistente — um vinho que parece não querer se despedir do paladar.
Um exemplar simplesmente incrível, que também arrematou ótimas notas da crítica: 97 de Luca Maroni, 94 de Raffaele Vecchione, 91 de James Suckling, 90 na Wine Enthusiast, além de uma incrível média de 4,2 estrelas no Vivino.
Sem sombra de dúvida, um vinho que vale cada centavo!