Anne Gros et Jean Paul Tollot
Les Fontanilles Minervois 2022
Anne Gros é uma referência absurda em qualidade.
Em Vosne-Romanée – comuna que epitomiza a Pinot Noir em sua forma mais sublime – Anne é um dos nomes mais fortes depois dos lendários Domaine de la Romanée Conti, Domaine Leroy e Méo-Camuzet.
Com uma expertise familiar que remonta seis gerações, Anne é dona de um significativo savoir-faire. Em meados dos anos 2000 ela decidiu unir forças com outro nome importante da Borgonha – Jean Paul Tollot – para um empreendimento ousado: levar sua abordagem borgonhesa de criar vinhos para Minervois, no Languedoc.
A AOC compartilha dos solos de marga argilo-calcária encontrados na terra natal dos produtores, mas aqui as variedades dominantes são oriundas do Rhône: Syrah, Grenache, Cinsault, Mourverdre, etc.
Escolheram a porção de Le Causse, uma área de altitude no noroeste da apelação, para trabalhar com as uvas de amadurecimento mais gradual. A filosofia de precisão e terroir levou a um mapeamento de parcelas, das quais você tem acesso a duas hoje: Les Fontanilles, na nossa oferta diária, e La Ciaude, que pode ser adquirida junto a oferta diária com um belo desconto extra.
No Les Fontanilles temos frutos de um pequeno clos, circundado por pinheiros e arbustos silvestres, de tomilho e alecrim. As vinhas têm idade média 40 anos. A colheita é manual e a vinificação combina barris de carvalho com aço inox (50% em cada). Aqui a Syrah domina, acompanhada de Grenache, Carignan e Cinsault.
Eu adorei degustar esse vinho por duas razões (ou talvez três).
A principal é que sou apaixonado por Syrah, e o caráter da variedade está evidente aqui. Ameixa, violetas, pimenta-preita, azeitonas, chocolate... enfim, o pacote todo. A segunda é que o vinho é notavelmente superior ao que encontramos na região: nada de fruta sobre-madura, ou mesmo dulçor residual; é um vinho que poderia muito bem vir de um bom cru do Rhône. Bom, a terceira: essa é subjetiva, mas... que vinho delicioso! Uma garrafa pode parecer pouco.
No La Ciaude a Syrah continua dominando, mas a Carignan ganha uma proporção maior. A média de idade das vinhas é bem superior, com a maior parcela da Carignan vindo de videiras beirando os 120 anos. Os solos também mudam: o calcário domina, e com ele vem uma mineralidade latente. Frutas negras, especiarias, e até mesmo um toque trufado aparece, mas o perfil de boca equilibra perfeitamente opulência e frescor.
A mesma safra, o mesmo produtor, blends similares, parcelas tão próximas... e vinhos tão diferentes! Onde mesmo encontramos um efeito assim? Para bom entendedor, apenas a pergunta basta.
Aproveite essa curadoria de luxo e garanta as limitadíssimas garrafas que arrematamos destes singulares tintos.
por Mauricio Ceccon
@vinhonaclasse
DipWSET, ASI Dip, ISG Dip
French, Italian e Spanish Wine Scholar (WSG)
Master in Bourgogne (WSG)
Juiz Internacional de Vinhos (FISAR/IWTO)
Educador Certificado da DOCa Rioja e da DO Jerez

.png)
Baixar ficha técnica
Carnes
Queijos
Da terra
Amidos
Temperos